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Sítio Roberto Burle Marx, um legado para a humanidade

Por Exclusivo RJ em 24/07/2022 às 11:44:20

O Sítio Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, se prepara para a nova fase da candidatura do local a Patrimônio Mundial pela Unesco. - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Na visita ao sítio também é possível apreciar como o paisagista aproveitou materiais de prédios demolidos em calçamentos, cascatas, portas e fachadas na propriedade. “Ele foi precursor em muitas coisas”, diz a educadora Suzana Bezerra, que apresentou o espaço à equipe do Caminhos da Reportagem e ressaltou a genialidade do artista.

Na casa onde Burle Marx morou são preservados alguns objetos pessoais, como óculos, roupas e calçados, assim como um vasto acervo de obras do paisagista, que era um artista de múltiplas faces: pintor, escultor, designer de joias e até cantor de ópera. A professora de história da arte da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Vera Beatriz Siqueira avalia que tanto no paisagismo quanto na pintura a produção de Burle Marx mantêm vínculos com as nossas tradições culturais, com a nossa realidade e com a nossa paisagem mesmo quando se apresenta na forma abstrata. “Ele cria uma espécie de ambiente que eu chamo de ecologia da forma moderna”, explica a professora.

As salas também abrigam a enorme coleção de arte popular que Burle Marx adquiriu ao longo da vida. A auxiliar de serviços gerais Maria Goreti Ferreira de Lima, que começou a trabalhar na casa durante os preparativos para a festa de 80 anos do paisagista, diz que limpa as peças com mãos de seda e zela para manter viva a memória de seu Roberto, como se refere a ele.

“Se eu procurei compreender o jardim aplicado à nossa natureza, vamos dizer, à nossa natureza humana e sobretudo às necessidades brasileiras, é porque eu não quero fazer apenas jardins para uma casa de milionários. Eu gostaria de fazer jardins que o povo pudesse participar”, eternizou Burle Marx, em entrevista ao programa O Mundo Mágico, que faz parte do arquivo da TV Brasil.

Preocupado com a preservação do seu acervo, Burle Marx doou o sítio ainda em vida para o governo federal, em 1985, nove anos antes de morrer. Hoje o espaço está sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Carlos Alberto Moreira da Silva, coordenador da manutenção do acervo botânico, conta que o desafio dos funcionários mais antigos agora é preparar os mais novos para cuidar desse presente deixado pelo paisagista. “As pessoas precisam saber disso aqui pra dar o valor que o sítio tem e merece”, afirma.

Herdeira do escritório de paisagismo criado por Burle Marx, a paisagista Isabela Ono comemorou a candidatura do sítio a patrimônio mundial. No fim de 2019, ela e os dois sócios criaram o Instituto Burle Marx com a finalidade de tornar público também o acervo de projetos, croquis, fotos, maquetes, entre outras peças, que pertencem ao escritório. “Só junta forças pra celebrar esse legado tão importante e tão grande que o Burle Marx deixou pra nós”, diz Isabela.

Ficha técnica:

Reportagem e produção

Ana Passos

Apoio à produção

Natalia Neves

Imagens

Luís Sousa

Drone

Eduardo Guimarães

Auxílio técnico

Carlos Junior

Iluminação

Celso Aparecido

Edição de texto

Ana Passos

Edição de imagem e finalização

Jerson Portela

Arte

Eudes Lins

Fonte: https://memoria.ebc.com.br/rss

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