[LOCAL 1] 970X250-CAMARASJB-AZUL

Prólogo - intrigas e "trapaças"

Por Exclusivo RJ em 17/03/2023 às 07:57:22

Azedou de vez a relação do governador Claudio Castro (PL), com o todo-poderoso do seu partido no Rio, o deputado federal Altineu Cortes. Não é de hoje que os dois vêm se bicando, seja pelo controle do partido, seja em razão de acordos políticos. Na sexta-feira, 10, mais um capítulo dessa disputa de poder, com a exoneração da então secretária de Educação, Patrícia Reis, indicada por Altineu.

O PL já havia entregue duas secretarias: Agricultura e Ciência e Tecnologia, até então ocupadas pelos deputados estaduais Jair Bittencourt (Noroeste fluminense) e Dr. Serginho (Região dos Lagos). Para o lugar de Patrícia Reis, Castro nomeou a professora Roberta Barreto, secretária de Educação de Duque de Caxias na última gestão de José Camilo Zito. Roberta Barreto é apadrinhada do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (PL), outro que está no centro do disse-me-disse.

Tanto Castro como Altineu estão de olho no pleito municipal do ano que vem e na eleição de 2026. Até o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto entrou no circuito. Ele virá ao Rio nesta sexta, a convite de Altineu, para a inauguração do diretório do PL em Niterói, com o objetivo de apaziguar os ânimos.


Prólogo – intrigas e "trapaças"

A intriga começou no período pré-eleitoral, com a indicação do amigo número um do governador, o ex-deputado estadual Márcio Pacheco (União Brasil), para o Tribunal de Contas do Estado, o que causou tensão com o MDB, que pretendia colocar no TCE, o também deputado estadual Rosenverg Reis, irmão do ex-prefeito de Caxias, Washington Reis.

Washington, por sua vez, era o preferido dos aliados para a vaga de vice, na chapa de Castro. A fim de selar a paz e formar uma aliança ampla que pudesse dar tempo de televisão e mais visibilidade à campanha de Castro, Altineu articulou a confirmação de Reis como vice, selando um "acordão" com o União Brasil e o clã Bolsonaro, trazendo para a conversa, o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi.


Primeiro Ato – emparedado

Com a decisão da Justiça Eleitoral em impedir a candidatura de Reis como vice de Castro, nova disputa. Os dois nomes preferidos pelo governador para substituírem Washington Reis, eram os deputados federais Vinícius Farah (União Brasil) e Dr. Luizinho (PP). Ambos foram "barrados" por Altineu, que defendia a manutenção do acordo com os partidos da aliança.

Segundo ele, estava previsto que no caso do possível impedimento de Reis, condenado por crime ambiental, a vaga ficaria com o União Brasil, partido com maior Fundo Partidário e mais tempo de televisão. Como Vinícius Farah é filiado ao União, e era pretendido pelos dirigentes nacionais do partido, entrou em cena outro personagem: o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, presidente do diretório estadual do União, engrossando o coro de Altineu, contrário à indicação do deputado trirriense.

Após muita especulação, o nome de consenso foi o do empresário do ramo de combustíveis e deputado estadual, Thiago Pampolha (União), que já havia ocupado a Secretaria de Estado de Ambiente do governo Claudio Castro, e é apontado como uma espécie de pupilo do presidente regional do PL.




Segundo Ato – efeito dominó

A eleição da Mesa Diretora da Alerj, no dia 2 de fevereiro, registrou mais um round entre Altineu e Castro, com vitória esmagadora do governador. Contrariando um combinado anterior, de apoiar Márcio Pacheco (União), para que ele fosse o presidente da Alerj no biênio 2023/2024 e Bacellar, nos dois anos seguintes, Castro jogou abertamente em favor da candidatura do amigo número 2, o deputado campista Rodrigo Bacellar (PL), favorecido, inclusive, por um racha do União Brasil, no segundo turno da eleição presidencial.

É que Márcio Pacheco (apadrinhado do prefeito de Belford Roxo, Waguinho Caneiro), ignorou as conversas que Waguinho mantinha com as lideranças nacionais do seu partido e com a coordenação da campanha de Lula, e anunciou publicamente seu apoio ao então presidente Jair Bolsonaro (PL).

A precipitação de Márcio Pacheco não só inviabilizou sua candidatura à presidência da Alerj, como beneficiou o entendimento de Waguinho com o candidato do PT à presidência, pavimentando o caminho para que a mulher dele, a deputada federal Daniela Carneiro, reeleita com a maior votação no Estado do Rio, se tornasse ministra do Turismo, além de favorecer a candidatura de Bacellar, enfraquecendo a articulação de Altineu.




Terceiro Ato – reviravolta

Mesmo em posição desfavorável, Altineu não capitulou. Resolveu incentivar uma candidatura alternativa à de Rodrigo Bacellar, por considerar que o deputado "concentra muito poder". O racha no PL foi sacramentado quando Bacellar ofereceu a presidência da CCJ – Comissão de Constituição e Justiça ao bolsonarista Rodrigo Amorim, único deputado do PTB, e a primeira secretaria a Rosenverg Reis, um dos dois eleitos pelo MDB para a Alerj.

O que acontece é que tradicionalmente, a primeira secretaria – responsável por lidar com todo o dinheiro destinado à Assembleia, bem como as licitações e os contratos, fica com o partido que conquista mais cadeiras. Nesse caso seria o PL, com 17, assim como a CCJ, a comissão permanente mais importante da Casa, por onde passam, obrigatoriamente, todos os projetos de lei. Altineu acusou Bacellar de não cumprir o rito, e indicar pessoas de acordo com sua afinidade pessoal. Há quem acuse Bacellar de oferecer a primeira Secretaria a outros grupos políticos.

Dessa maneira surgiu o nome de Jair Bittencourt, também do PL, como alternativa à chapa apoiada pelo governador. Os dias que antecederam a posse dos deputados e a eleição da mesa foram tensos. O nome de Bittencourt ganhou força entre os descontentes, dentre eles dissidentes do PT e outros partidos de esquerda, mas também entre deputados do PL e do União (como Márcio Pacheco), que formam a base do governo Castro. Porém não o suficiente.




Epílogo – tiro pela culatra

A tentativa de uma segunda candidatura do PL acabou sendo um fiasco, mesmo contando com o apoio ainda que não velado, do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD) e do ex-presidente da Alerj, André Ceciliano (PT). Bittencourt não só perdeu espaço no governo estadual, ao entregar a Secretaria de Estado de Agricultura, como abriu mão da candidatura horas antes do início da votação e ainda declarou o voto ao "ex-adversário" Rodrigo Bacellar, tecendo os maiores elogios a ele.

Dos 70 deputados, Bacellar teve 56 votos a favor, nenhum "não", e de quebra ainda ganhou apoio de parte do PT, declarado na véspera pelo presidente regional do Partido, o deputado federal Washington Quaquá, cuja mulher, a deputada estadual Zeidan, ficou com a 3ª vice-presidência da Casa. Na votação, 13 deputados se abstiveram de votar, dentre eles a ex-prefeita de São João da Barra, Carla Machado (PT). A deputada Lucinha (PSD) foi a única ausente.




Alça de mira

O que está na mira, tanto de Altineu, quanto de Castro, não é apenas o comando do PL no Rio, que o governador reivindicou recentemente ao presidente nacional do Partido, Valdemar da Costa Neto. Castro ameaçou deixar a sigla, caso não fosse atendido, mas recuou na última sexta-feira, após exonerar Patrícia Reis da Secretaria de Educação. Ambos vislumbram as eleições, primeiro a do ano que vem, depois a de 2026.

Castro quer fazer do seu secretário de Saúde, Doutor Luizinho (Progressistas), candidato a prefeito do Rio, com apoio do PL e um nome do partido como vice. Enquanto isso, Altineu, que pretende ser candidato a prefeito de Niterói, deseja uma chapa encabeçada pelo PL. Em meio ao racha provocado pela eleição de Bacellar na Alerj, o senador Flávio Bolsonaro chegou a dizer que cogita ser candidato à Prefeitura do Rio, para se confrontar com Eduardo Paes, que busca o apoio de Lula, do PT e de partidos alinhados do centro para a esquerda.

Apesar da manifestação clara de Flávio Bolsonaro, o PL pode ter outros nomes. Um deles é Eduardo Pazuello, general do Exército que foi ministro da Saúde do governo Bolsonaro e o segundo deputado federal mais votado do Rio, em 2022, com mais de 205 mil votos.

O desejo de Cláudio Castro é eleger o maior número de aliados possível. Ele pensa tanto em prefeitos, quanto em vereadores, do interior, capital e região metropolitana. Tudo isso porque pretende concorrer ao Senado, já em 2026, ano em que os partidos (ou federações) poderão lançar dois candidatos, e há duas vagas em disputa: a de Flávio Bolsonaro, e a vaga de Carlos Portinho, ambos do PL.

Comunicar erro
[LOCAL 2] 940x250 - Trier Calcados

Comentários

[LOCAL 3] 728X90 - Fortaleza
[LOCAL 3] 728X90 - Barber