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Deputada Carla Machado propõe criação de Conselho Estadual de Segurança Escolar

Deputada participou nesta quarta (10/5) de audiência pública na Alerj em que foram apresentadas propostas de especialistas sobre o tema

Por Exclusivo RJ em 10/05/2023 às 20:08:44

Preocupada com as causas do avanço da violĂȘncia nas escolas, a deputada Carla Machado (PT), membro da Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), propôs uma audiĂȘncia pĂșblica, realizada nesta quarta-feira (10/5). Na ocasião, ela falou do seu projeto de lei para criação do Conselho de Segurança Escolar do Estado, voltado à prevenção de todas as formas de violĂȘncia no ambiente escolar.


Com o tema "ViolĂȘncia na escola e contra a escola", o encontro reuniu mais de 100 pessoas, entre especialistas em Educação, SaĂșde PĂșblica e AssistĂȘncia Social, alunos e pais. A deputada enfatizou a necessidade de se criar um conjunto de medidas que combatam as causas sociais que levam à violĂȘncia escolar, incluindo a mediação de conflitos e o combate a todo tipo de preconceito, ajudando a promover uma cultura de paz nas escolas.


"O problema não estĂĄ só no campo educacional. Precisamos buscar saĂ­das pacĂ­ficas para esse problema tão complexo em sua origem, por meio de polĂ­ticas pĂșblicas que busquem soluções efetivas. É preciso uma união de esforços para proteger a criança e adolescente", disse. Carla voltou a defender mais investimentos do Estado no acompanhamento psicossocial dos estudantes. "Temos que ter uma educação não conteudista, mas que liberte", completou ela, que é professora formada hĂĄ mais de 40 anos.


Pesquisadores divulgam documento


Na ocasião, um grupo de mais de 100 pesquisadores de universidades e institutos de vĂĄrios estados divulgou um documento propondo um conjunto de ações para combater a violĂȘncia estrutural nas escolas. Entre elas: controle de posse e circulação de armas, enfrentamento ao bullying, ações de mediação de conflitos, atividades continuadas de cultura, lazer e valorização dos jovens, polĂ­tica educacional baseada no respeito à diversidade.


"Reunimos um grupo de pesquisadores para, juntos, pensarmos nessa questão importantĂ­ssima. Um ataque a uma escola não é um fato isolado. É parte de um ecossistema claramente falho. E cuidar da criança e do adolescente é um dever de toda a sociedade", disse o deputado Munir Neto (PSD), presidente da Comissão. Ele encaminharĂĄ o documento ao governador ClĂĄudio Castro e à secretĂĄria de Educação, Roberta Barreto.

A nota também propõe inteligĂȘncia policial para combater na internet perfis propagadores de ódio e responsabilização das plataformas que abrigam tais grupos e criação de planos de ação para as escolas diante de situações de emergĂȘncia.


Para a estudante Pérola Magalhães, de 15 anos, mobilizadora da "Rede Não Bata, Eduque", "os discursos de ódio propagados pela internet estão na base da violĂȘncia escolar". O defensor pĂșblico Roberto Azambuja se colocou à disposição para atuar junto às plataformas na remoção de conteĂșdo propagador de ódio. "Mais segurança é também mais alteridade e empatia."


Muitos dos presentes também se manifestaram contra a militarização e o uso de policiamento armado nas escolas. O promotor Roberto Mauro salientou que o uso de segurança pĂșblica dentro das escolas não é a solução, e sim prevenção e pedagogia. Isso se dĂĄ com o controle do orçamento, que é fiscalizado pela Alerj.



Mediação de conflitos é uma das soluções


Ana Karina Brenner, professora da Faculdade de Educação da Uerj e integrante do Conselho Estadual de Educação, lembrou que a violĂȘncia estrutural contra a escola é uma das mais antigas e abrangentes. Uma das soluções defendidas por diversas especialistas para enfrentar o problema dentro das escolas é a mediação de conflitos entre alunos e também entre professores.


A psicóloga Naura dos Santos Americano, da Sociedade de Mediação de Conflitos (Somec- RJ), falou de sua experiĂȘncia como mediadora de conflitos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Até 2018, como parte de um convĂȘnio com o Governo do Estado, ela e outro profissional do TJ capacitaram mais de 300 professores para realizar a mediação de conflitos em escolas estaduais.


A experiĂȘncia, segundo Naura, foi muito exitosa e poderia ser replicada no atual contexto, de forma contĂ­nua, como medida preventiva. "ViolĂȘncia não é mediĂĄvel, mas os conflitos que eclodem em condutas violentas. Na mediação, diferentes vozes são ouvidas e abrimos espaços de fala e escuta a alunos e professores. Não é algo mĂĄgico, requer continuidade e ação permanente para que eles possam se sentir pertencentes àquele espaço", explicou.


SaĂșde mental de alunos e professores

Problemas na estrutura fĂ­sica das escolas, na quantidade de funcionĂĄrios para atender à demanda e a necessidade de cuidar da saĂșde mental de alunos e professores também foram debatidos. A falta de psicólogos nas escolas estaduais e a retirada dos assistentes sociais contratados ano passado foram alguns dos pontos mais criticados por diversos convidados, jĂĄ que uma legislação federal prevĂȘ a oferta desses profissionais pelo Estado.


O diretor do Sepe-RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), Diogo Andrade, trouxe um cenĂĄrio da saĂșde mental desses profissionais, agravado pela violĂȘncia imposta em operações policiais em comunidades. Segundo ele, de cada trĂȘs afastamentos por doença, um é de Psiquiatria, o que aponta a necessidade urgente de se implementar um conjunto de ações que melhorem as condições de trabalho.


Ainda segundo Andrade, existe um déficit de 2 mil profissionais de educação hoje no estado, inclusive de mediadores para acompanhar estudantes com deficiĂȘncias e transtornos. "O piso da Educação no Estado do Rio é o pior do paĂ­s. No Acre é melhor. Aqui tem trabalhador recebendo menos de um salĂĄrio mĂ­nimo", denunciou, afirmando que nesta quinta-feira (11) a categoria decide se entra em greve no estado.


Pai da jovem Larissa AtanĂĄzio, de 13 anos, uma das 12 vĂ­timas do massacre na Escola Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio, em 2011, Robson AtanĂĄzio também participou da audiĂȘncia. Ele cobrou mais professores concursados, psicólogos e inspetores nas escolas, além da instalação de detectores de metais. "Tem que ter psicólogo na escola para identificar os problemas das crianças e chamar os pais para conversar. Se tiver algum problema familiar mais sério, precisa levar para tratar na clĂ­nica da familia".

Mais sobre o Conselho de Segurança


De autoria da deputada Carla Machado, o projeto de lei 716/2023, publicado no DiĂĄrio Oficial no dia 13/4 e que aguarda votação, autoriza o Governo do Estado a criar o Conselho de Segurança Escolar do Estado do Rio de Janeiro, composto de forma paritĂĄria por representantes do poder pĂșblico e da sociedade civil organizada.


"O conselho terĂĄ o dever de combater a polĂ­tica de ódio nas escolas, contribuindo para reduzir a violĂȘncia escolar que atinge alunos e profissionais de Educação, identificando as causas mais comuns dos atentados e agressões, buscando saĂ­das com a prĂĄtica de polĂ­ticas e programas que visem atender toda a comunidade escolar", diz o texto.


Quatro vezes prefeita de São João da Barra, Carla disse que o municĂ­pio tem vĂĄrios exemplos de polĂ­ticas pĂșblicas integradas que deram certo e que podem ser replicadas no estado. SecretĂĄrios municipais de São João da Barra, Anderson Campinho (Segurança PĂșblica), Angélica Rodrigues (Educação), Arleny Valdes (SaĂșde) e Sharlene Barbosa (AssistĂȘncia Social e Direitos Humanos) participaram do encontro.

Mais sobre a audiĂȘncia

Também estavam presentes os deputados estaduais Pedro Brazão (União), vice-presidente da Alerj; Dani Balbi (PCdoB), FlĂĄvio Serafini (Psol), Elika Takimoto (PT), Otoni de Paula (PL), Professor Josemar (Psol), Sérgio Fernandes (PSD) e Tia Ju (REP). A Comissão deverĂĄ realizar também outras audiĂȘncias pĂșblicas sobre o tema no interior. A próxima serĂĄ dia 15, em Volta Redonda.










Fonte: Ascom

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