Outra sala mostra a arte negra brasileira, com a reprodução de uma pintura de Abdias Nascimento onde a frase Okê Okê Okê Okê estampa a bandeira nacional. Em outro espaço, o público é levado para dentro de uma projeção do Theatro Municipal, local que sediou a Semana de 22. “Ali fazemos um mapa sonoro de tudo que aquelas paredes ouviram no último século”, explicou Dantas.
Há projeções, vídeos, músicas, sons e muita interatividade na exposição, com o público abrindo portas e gavetas para descobrir sempre um novo aspecto da cultura brasileira. “Esse sítio labiríntico é guiado por duas coisas: a sua intuição e o som. O som é uma dimensão muito importante nessa exposição”, disse Dantas. “A essência do modernismo é essa: de empurrar a gente para algum lugar desconhecido. E a linguagem dessa exposição tenta fazer isso: levar a gente de um lugar confortável para um desconfortável. E esse movimento é o movimento do modernismo”, acrescentou.
A exposição mostra ainda que os legados da Semana não se limitaram à literatura, à pintura e à música erudita, apresentando a modernidade brasileira expressa também no cinema, na música popular e na dança. Apresenta ainda uma nova visão sobre o movimento que não se limita a seu legado positivo. Uma das salas, por exemplo, apresenta o integralismo, movimento brasileiro que teve grande afinidade com o fascismo italiano. Pouco se fala sobre isso, mas o escritor e político Plínio Salgado, ligado a esse movimento, fez parte da Semana de 22.
A exposição é parte do programa Modernismo Hoje, que soma 400 atividades em equipamentos culturais do governo de São Paulo para celebrar o centenário da Semana de 1922. Segundo o secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, essa mostra no MIS é um “grande desfecho para a vasta programação” de homenagem ao centenário do modernismo brasileiro.
“Não é uma exposição sobre a gênese do modernismo ou sobre a Semana, mas sim sobre o legado do modernismo”, disse o secretário. “É uma exposição lúdica para envolver e emocionar o público, mas tem também um sentido pedagógico e de atualização do tema para que o público saiba que o modernismo está muito presente na arte brasileira”.
O MIS fica no Jardim Europa, na capital paulista, e às terças-feiras tem entrada gratuita. Mais informações sobre a exposição podem ser obtidas no site do museu.
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