Dois milhões e meio de toneladas por ano é a demanda que o Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte Fluminense, pretende alcançar em quatro anos de operação do terminal de grãos. A afirmação foi de Rodrigo Morgado, gerente de Agronegócio do Porto do Açu, durante a reunião do Conselho de Agronegócios, Alimentos e Bebidas da Firjan, realizada na última quarta-feira (25).
Para alcançar esse volume, Morgado destaca um grande aliado: a instalação de uma esmagadora de grãos bem próxima ao produto que chegará ao porto. Ele acrescentou que o grão esmagado transformado em farelo e óleo de soja pode ser exportado ou ficar no mercado interno. O gerente lembrou ainda que o maior desafio do Porto do Açu é balancear o fluxo de exportação e importação, para baratear a logística do setor de agronegócios.
Criado para mineração e óleo e gás, o Porto do Açu sempre teve um projeto de grão no radar, conta Maartje Driessens, gerente de Relações Internacionais da empresa. Há três anos, ressaltou, desenvolveu uma estratégia, primeiro com a importação de fertilizantes e, depois, com a exportação de milho e soja. Maartje informou ainda que existem outros projetos importantes no foco da companhia, como a exportação de gado.
Hudson Jaber, presidente da Associação de Produtores Rurais do Rio de Janeiro (AprorRIO), levou para a reunião do conselho conquistas e desafios da instituição. Segundo ele, a associação nasceu com o objetivo de juntar produtores que quisessem desenvolver o estado não só na parte da pecuária como também na agricultura.
Uma das pautas que vem sendo trabalhada desde o início da associação é a questão tributária da soja. "Hoje, para vender no estado do Rio, é mais caro do que mandar para outros estados, o que prejudica totalmente a cadeia da soja", pontuou Jaber, que, por outro lado, celebrou o trabalho do Porto do Açu com a soja e a futura instalação de uma esmagadora do produto.
Para Antonio Carlos C. Cordeiro, presidente do Conselho Empresarial da federação, um estudo sobre a desoneração da soja pode ser importante para fortalecer o setor fluminense.
O Conselho também debateu o impacto das bets, ou apostas, no consumo da população. O presidente comentou o fato de as pessoas estarem deixando de adquirir itens de primeira necessidade (como os alimentos, por exemplo) para jogar, e propôs a união entre federações para estudarem a questão desse impacto das apostas no consumo e no comprometimento da renda das famílias.
Diante desse cenário, Antonio Carlos ressaltou que essa associação do esporte com o jogo não é saudável para a sociedade, nem para a economia. Ele observou a maneira forte com que as bets entraram nas casas, por meio de astros de futebol como garotos-propaganda dessa modalidade de apostas. "É preciso haver uma regulação nesse segmento que proíba ou cerceie a propaganda nos mesmos moldes que fizeram para o cigarro", apontou.